Bets x Varejo: Estudo da CNC aponta perda de R$ 103 bilhões em 2024
Dados indicam que os brasileiros gastaram aproximadamente R$ 240 bilhões com apostas online
Em 2024, o varejo perdeu R$ 103 bilhões (USD 170 milhões) devido ao redirecionamento dos recursos das famílias para as bets, como são chamadas as plataformas virtuais de apostas esportivas e cassino online. A informação foi revelada em estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgado nesta quinta-feira (16) no Rio de Janeiro.
Segundo matéria da Agência Brasil, o estudo “O Panorama das Bets”, baseado em dados do Banco Central, revelou que os brasileiros gastaram aproximadamente R$ 240 bilhões (USD 397 milhões) com apostas online em 2024. A CNC destaca que as apostas não só levam ao endividamento e vícios dos apostadores, mas também geram impactos socioeconômicos negativos para a sociedade como um todo.
A maior preocupação do estudo da CNC é com as apostas em cassino online, como o Jogo do Tigrinho, que dominam as plataformas de bets. Estima-se que 80% dos pagamentos dos usuários sejam destinados a essas modalidades, enquanto as apostas esportivas representam uma parcela bem menor.
Economistas da CNC afirmam que a Lei Federal 13.756 ainda precisa de regulação do Ministério da Fazenda, apontando um “limbo regulatório” que permitiu a incorporação irrestrita de cassinos online pelas plataformas de apostas esportivas, sem controle adequado.
“Além disso, a ausência de regulamentação facilitou a lavagem de dinheiro e outras atividades ilícitas, prejudicando a economia formal. A popularidade crescente dos cassinos online tem desviado recursos que poderiam ser gastos em outros setores produtivos, como o comércio varejista, influenciando toda a cadeia produtiva”, revela o estudo.
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Estimativas indicam que 1,8 milhão de brasileiros ficaram inadimplentes em 2024 devido às bets. A CNC afirma que o endividamento ocorre principalmente entre as pessoas de menor renda, que priorizam apostas em vez de compromissos financeiros.
O estudo comparou dois grupos de renda em relação à inadimplência entre novembro de 2023 e 2024. No primeiro grupo (renda entre 3 e 5 salários mínimos), o percentual de famílias com contas em atraso aumentou de 26% para 29%. No segundo grupo (renda entre 5 e 10 salários mínimos), a inadimplência caiu 2,6 pontos percentuais, ficando em 22%.
“A inadimplência elevada pode levar a uma redução no consumo, desaceleração econômica, aumento da taxa de juros e instabilidade financeira”, afirmou a CNC.
No estudo, a CNC sugere medidas regulatórias para minimizar os impactos das bets, incluindo limites de apostas, programas de prevenção e tratamento para viciados, campanhas de conscientização e a exclusão de modalidades propensas a fraudes e ilegalidade.
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A CNC defende que a cobrança de impostos é essencial para regular as bets, possibilitando a arrecadação de tributos que podem ser usados para financiar programas sociais, de saúde e outras áreas que ajudem a mitigar os danos causados pelo vício.