Regulação das apostas: Presidente Lula cobra medidas para conter endividamento dos mais pobres

Lula discursa na ONU, nos Estados Unidos. (Foto: Ricardo Stuckert)
Lula discursa na ONU, nos Estados Unidos. (Foto: Ricardo Stuckert)

Presidente falou sobre jogos de azar durante conferência em Nova York.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou, nesta terça-feira (24), do evento “Em defesa da democracia: lutando contra o extremismo”, realizado na ONU, em Nova York, nos Estados Unidos. A conferência foi organizada pelo chefe do Executivo brasileiro e pelo primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez. Na oportunidade, Lula cobrou uma regulação dos jogos de azar voltada para conter o endividamento das famílias mais pobres do Brasil.

“O Brasil sempre foi contra cassino e qualquer tipo de jogo de azar. Hoje, através de um celular, o jogo está dentro da casa da família, dentro da sala. Nós estamos percebendo no Brasil o endividamento das pessoas mais pobres tentando ganhar dinheiro fazendo aposta. E esse é um problema que nós vamos ter que regular porque, senão, daqui a pouco, vamos ter os cassinos funcionando dentro da cozinha de cada casa”, declarou o Presidente da República.

Lula ainda criticou o que chamou de “monetização da mentira”, que seriam as falsas promessas de enriquecimento promovidas por influenciadores patrocinados por plataformas de iGaming. “A gente está vendo uma loucura. A monetização da mentira pela rede digital. Com gente ficando bilionário, milionário [promovendo jogos de azar]”, declarou.

Segundo o que publicou o Poder360, o Banco Central do Brasil fez um levantamento que apontou que as casas de apostas receberam mais de R$ 10 bilhões (USD 1,83 bilhões) de beneficiários do Bolsa Família, entre janeiro e agosto de 2024.

Uma outra pesquisa sobre os jogos de azar no país, realizada pelo Instituto Locomotiva, revelou que a maioria dos brasileiros que aposta em sites de iGaming é de baixa renda, endividados e possuem dois ou mais cartões de crédito.

José Francisco Manssur, ex-secretário de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, apontou, no início do mês, uma lacuna na regulamentação: a falta de restrições para beneficiários de programas sociais. Em entrevista à revista Exame, Manssur sugeriu que a regulação poderia permitir o cruzamento de dados para avaliar e limitar o acesso de quem recebe Bolsa Família ou Benefício de Prestação Continuada (BPC) às apostas.

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