Impactos das bets: pesquisa revela que apostas não aumentaram o endividamento dos brasileiros

De acordo com o levantamento, as apostas representam entre 0,2% e 0,5% dos gastos totais das famílias no Brasil.
De acordo com o levantamento, as apostas representam entre 0,2% e 0,5% dos gastos totais das famílias no Brasil.

Levantamento foi feito pela LCA Consultoria Econômica em parceria com a IBJR.

A LCA Consultoria Econômica publicou um levantamento, em parceria com o Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR), que concluiu que as apostas online não aumentaram o endividamento dos brasileiros. A pesquisa chegou à conclusão de que o impacto dessa atividade econômica é menor do que o que foi divulgado por outros estudos, como o do Banco Central (BC), que estimou que os apostadores repassassem R$ 216 bilhões (USD 37,8 bi) ao ano às plataformas.

De acordo com uma reportagem do jornal Zero Hora, a LCA argumenta que entraram nas contas do BC os valores devolvidos como premiação aos apostadores. Com isso, o gasto líquido anual ficaria em cerca de R$ 16,3 bilhões (USD 2,86 bi). Na visão da consultoria, esses valores ajustados, mesmo ainda sendo altos, não provocam um aumento significativo no endividamento geral dos brasileiros, representando um índice entre 0,2% e 0,5% dos gastos totais das famílias no Brasil.

“Não é que o Banco Central erre a conta. Eles mesmo estimam que 15% do valor é efetivamente retido pelas casas de aposta. O que não fazem claramente é dizer que, se só 15% são retidos, pelo menos 85% voltam para os apostadores. Esse mercado é grande, mas não é um monstro” explicou ao Zero Hora, o diretor da LCA Eric Brasil.

Para o IBJR, o percentual das transferências que são retidas pelas plataformas de apostas seria, na realidade, ainda menor do que estimado o Banco Central, ficando em torno de 7%.

Outro ponto polêmico da pesquisa divulgada pelo BC é a de que supostamente beneficiários do Bolsa Família transferiram R$ 3 bilhões (USD 530 milhões) via Pix para empresas de apostas esportivas no mês de agosto deste ano. Esses dados foram considerados alarmantes pelo governo federal, que passou a discutir medidas para evitar que as famílias brasileiras em situação mais vulnerável usassem os benefícios de programas sociais em apostas.

A repercussão dessas informação fizeram com o que o presidente Lula colocasse essa questão como prioritária e tem discutido com os ministros formas de diminuir possíveis endividamentos de apostadores.

“Não queremos dizer que a discussão sobre o uso do Bolsa Família não seja legítima. Mas ela precisa ocorrer com base em dados reais. Se forem descontadas as premiações, o gasto líquido em agosto ficaria em R$ 450 milhões, o que corresponderia a 3% do valor do programa, e não em R$ 3 bilhões”, comentou Eric Brasil.

Como a maior parte das transferências para plataformas de apostas são feitas via Pix, houve uma discussão sobre proibir essa ferramenta para pagamentos em bets.

O diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central (BC), Renato Gomes, manifestou-se contra a possível proibição do uso do Pix para pagamentos em apostas. Em evento realizado pelo HSBC, em Washington, nos Estados Unidos, na última quinta-feira (24), ele destacou que a medida contraria a agenda digital, que promove um meio de pagamento acessível e vantajoso para os brasileiros.

Veja também: Entenda as possíveis falhas do levantamento do BC sobre uso do Bolsa Família em apostas

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