Futuro das apostas no Brasil: Mercado projeta crescimento e novas oportunidades com regulamentação
Projeções apontam que país pode entrar para a lista de maiores mercados de apostas do mundo.
Em 2025, o mercado de apostas esportivas online no Brasil começou a operar sob regulamentação. Com regras definidas, o setor busca consolidar-se como o maior da América Latina e manter o crescimento ao longo do ano.
Leonardo Henrique Roscoe Bessa, consultor do Conselho Federal da OAB e sócio do Betlaw, escritório de advocacia especializado no setor de jogos e apostas, ressalta a expectativa por um mercado ordenado.
“O dia 1º de janeiro foi o início de um novo marco para o setor de apostas em solo nacional. Espera-se um mercado mais ordenado, com regras claras e fiscalização efetiva. O Brasil tem grande potencial para se posicionar como um dos maiores mercados regulados do planeta, atraindo investimentos globais e gerando benefícios significativos para a economia local”, explica.
Já Vinicius Nogueira, CEO da BETesporte, acredita que o novo momento do mercado será um marco importante.
“Uma indústria regulada simboliza idoneidade, transparência e segurança para todas as partes envolvidas, mas principalmente aos usuários”, pontua.
“As perspectivas para 2025 são muito promissoras. As empresas terão um ambiente mais transparente para operar, os apostadores contarão com maior proteção e o governo terá diretrizes claras para fiscalizar e agir contra oportunistas. Naturalmente, haverá um período de adaptação para todos, na medida em que as novas regras estarão em vigor. Por exemplo, todas as empresas precisarão implementar identificação facial, o que terá impactos tanto na tecnologia quanto na experiência do usuário”, avalia Fellipe Fraga, CBO da EstrelaBet.
As novas regras não apenas oferecem a estrutura necessária para o crescimento do mercado, com requisitos técnicos e normas rigorosas sobre publicidade, mas também enfatizam a promoção de boas práticas, como o incentivo ao Jogo Responsável.
A Portaria SPA/MF 1231/2024, chamada de Portaria do Jogo Responsável, exige que as empresas licenciadas monitorem os perfis de risco dos apostadores, identificando possíveis dependências, transtornos do jogo patológico e outros problemas relacionados às apostas online.
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Cristiano Costa, psicólogo clínico e organizacional, diretor de conhecimento (CKO) da EBAC analisa: “A Portaria do Jogo Responsável, em sua riqueza de detalhes, teve grande mérito em estabelecer parâmetros e exigências para operação das empresas de apostas no país. Será muito importante para monitorar os riscos e efeitos da ludopatia, diferente do que acontece em outros setores da economia do país com produtos e serviços com potencial compulsivo”, diz.
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Para os jogadores, inclusive, será necessário validar documentos e dados cadastrais, além do reconhecimento facial, para que as plataformas possam identificar os usuários e prevenir fraudes.
Em 2024, a Secretaria de Prêmios e Apostas lançou a portaria SPA/MF n° 1.143, voltada para combater lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo. As plataformas de apostas devem adotar políticas para identificar e classificar os riscos dos apostadores, além de reportar transações suspeitas ao Coaf, órgão responsável pelo combate à lavagem de dinheiro.
Uma das principais mudanças para as casas de apostas foi a obrigatoriedade de criar três tipos de contas distintas para garantir os pagamentos aos apostadores.
“A regulamentação exige que todos os depósitos e saques feitos pelos apostadores sejam efetuados exclusivamente por meio de transferência eletrônica entre contas mantidas em instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central. Uma delas é a conta em que o apostador deve fazer seu cadastro para jogar na bet, e outra é a conta transacional da operadora de apostas, usada apenas para pagamento de prêmios aos vencedores”, explica João Fraga, CEO da techfin Paag.
Projeções da ANJL para arrecadação de impostos e geração de empregos
A Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL) projetou que, em 2025, o setor de iGaming no Brasil, agora regulamentado, gerará mais de R$ 20 bilhões (USD 4 bilhões) em outorgas e impostos, além de criar mais de 60 mil empregos.Essa arrecadação deve ser alcançada somando o pagamento pelas licenças de operação com o recolhimento de 12% de Gross Gaming Revenue (GGR), que corresponde ao lucro das empresas de apostas, e ainda algumas taxas. Essa carga tributária pode chegar a cerca de 36%.
Quanto à geração de empregos, a Associação estima que os novos cargos de trabalho, diretor e indiretos, devem ser formados em diferentes pontos da cadeia de serviços que compõem o universo das apostas, como entretenimento, publicidade, tecnologia e jurídico.
Segundo a ANJL, o mercado brasileiro de apostas deve se tornar o maior da América Latina e possivelmente o terceiro ou quarto do mundo