Apostas com Pix: Presidente da Febraban sugere proibição do sistema para pagamentos em bets
Isaac Sideny também já havia se manifestado contra o uso de cartões de crédito.
O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, alerta para o risco de uma crise de inadimplência se intensificar devido ao crescimento das apostas esportivas (bets) no Brasil. Em entrevista à Folha de S.Paulo, ele defende a proibição do uso do Pix para realizar pagamentos nessas apostas.
“Se não for possível proibir de imediato o pagamento com Pix, ao menos que se estabeleçam limites de valores máximos para apostas [nessa modalidade de pagamento], tal como o BC já limita transações à noite”, propõe Sidney. Segundo ele, o mínimo a fazer é não mais permitir que os beneficiários de programas sociais usem o Pix para fazer apostas.
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Se o gasto das famílias com apostas continuar a crescer no mesmo ritmo, ele prevê um efeito em cadeia na economia brasileira, afetando tanto o pequeno comércio quanto as grandes corporações.
“Precisamos impedir que venha a explodir [a bolha]. Não podemos pagar para ver, e essa aposta não iremos fazer. Estamos, todos, à deriva e precisamos reencontrar a rota de volta para casa”, afirma. “Não dá para brincar com coisa séria, que é a saúde financeira e mental das pessoas, e muito menos ficarmos à beira desse precipício”, diz.
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O uso de cartão de crédito para apostas será proibido a partir de janeiro de 2025, mas devido à grande discussão sobre o tema, o Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR), entidade que reúne operadores do setor de iGaming no Brasil, publicou uma nota, nesta quinta-feira (26), afirmando que as plataformas afiliadas já tomaram a decisão voluntária de banir o uso de cartões de crédito como forma de pagamento.
“Embora essa modalidade represente apenas cerca de 0,5% dos depósitos realizados pelos clientes, a medida visa mitigar riscos financeiros e reforçar uma experiência mais responsável e protegida para os usuários”, declarou o IBJR.
Caso o Pix também seja proibido, como propõe o presidente da Febraban, restariam apenas alternativas como débito e TED para adicionar fundos às contas nas plataformas. Vale lembrar, que, em declaração concedida ao Estadão em reportagem publicada no início de deste mês de setembro, Siddney já havia manifestado opinião favorável a proibição de cartões.
“Eu particularmente entendo – é uma posição pessoal – que o governo deveria usar todos os meios legais para proibir, imediatamente, o uso do cartão de crédito para a realização dos jogos. A proibição feita ainda não está sendo observada. O cartão é um produto fundamental e seu uso para apostas vai afetar bastante o consumo das famílias e a economia”, destacou.