Varejistas vão cobrar em Brasília limites para o setor de apostas e jogos online

Setor varejista demonstra preocupação com o endividamento dos funcionários com jogos.
Setor varejista demonstra preocupação com o endividamento dos funcionários com jogos.

Redes de supermercados querem regras mais rígidas para as bets.

Brasília.- O avanço na regulamentação das apostas esportivas e a expectativa de votação da legalização dos cassinos e outros jogos de azar têm animado a indústria de iGaming e os setores que podem se beneficiar com essas atividades. Entretanto, há ramos econômicos que não partilham da mesma empolgação, a exemplo do varejo brasileiro.

De acordo com o que publicou o Valor Econômico, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) comunicou que pretende levar representantes a Brasília para discutir com os legisladores sobre a aplicação de normas mais rígidas para as apostas esportivas. A entidade teme que o iGaming cause uma queda no consumo das empresas varejistas.

“Vamos nos reunir com a diretoria e o conselho consultivo da Abras para avançarmos de forma mais efetiva para agilizar a discussão em Brasília para realmente termos limitações de valores e na propaganda. O avanço das bets impactam toda a sociedade, especialmente as famílias mais pobres. Estamos apoiando a PEC que define mais restrições à propaganda das bets, e orientando as empresas do setor que adotem uma política rigorosa na seleção de agências de marketing e influencers, de forma a serem mais responsáveis com esse tema”, declarou Márcio Milan, vice-presidente da Abras.

Para Milan é necessário que haja formas mais eficientes de informar sobre os perigos do jogo irresponsável. O executivo entende que apenas uma mensagem no final da propaganda, como “jogue com responsabilidade”, não é o bastante. “Dizer só isso é difícil para quem espera ganho fácil”, complementou.

Ainda segundo o Valor, a Abras e o Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) sugerem a criação de limitações para uso de cartão de crédito e na liberação de empréstimos consignados para pagamento de dívidas com jogos de azar. A proposta das instituições é que essas mudanças sejam feitas a partir da publicação de portarias.

As redes de supermercados, segundo Milan, demonstram preocupação ainda com uma parte dos empregados que estão fazendo empréstimos na folha de pagamento para pagar dívidas de jogos online. “Há companhias já alertando seus empregados do efeito dos jogos nos salários deles”, disse o vice-presidente da Abras. Segundo o Valor, a rede Assaí enviou comunicado para os funcionários alertando sobre as “armadilhas” das bets.

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