CPI das Apostas: representante da Sportradar afirma que Brasil está vulnerável a propostas de fraudes

Felippe Marchetti é ouvido na CPI como testemunha (Foto: Marcos Oliveira-Agência Senado)
Felippe Marchetti é ouvido na CPI como testemunha (Foto: Marcos Oliveira-Agência Senado)

Felippe Marchetti destacou que manipuladores de resultados têm focado na América Latina devido ao aumento do combate à fraude na Europa.

Brasília.- Em depoimento na CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas no Senado, o representante da Sportradar, Felippe Marchetti, discutiu métodos para detectar fraudes e alertou sobre a vulnerabilidade de clubes e jogadores no Brasil a propostas de manipulação. Ele enfatizou a atuação global dos fraudadores e recomendou a educação preventiva de jogadores como medida crucial contra a manipulação de resultados.

Felippe Marchetti, gerente de integridade da Sportradar AG, empresa suíça que colabora com a CBF e diversas casas de apostas, foi ouvido como testemunha na CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas. O senador Romário, relator da comissão, mencionou um relatório da Sportradar de março, que classifica o Brasil como líder mundial em fraudes no setor, identificando 109 partidas suspeitas em um total de 9 mil analisadas.

Conforme publicado pela Agência Senado, Felippe Marchetti da Sportradar destacou a experiência da empresa em parcerias globais com ligas esportivas e autoridades policiais. Ele enfatizou que os manipuladores de resultados têm focado na América Latina devido ao aumento do combate à fraude na Europa. Marchetti enfatizou a importância da educação dos jogadores como medida crucial contra a manipulação de resultados.

“A grande maioria dos atletas no Brasil está em condição de vulnerabilidade econômica. Eles [os manipuladores] viram um cenário muito propício para a manipulação aqui, e a partir de 2015 vimos um aumento de casos. (…) Quem está mais suscetível, mais vulnerável, são os atletas de clubes pequenos”, afirmou.

Felippe Marchetti explicou como a Sportradar usa inteligência artificial para monitorar em tempo real as cotações de apostas, comparando a movimentação real com a esperada para detectar fraudes. Ele mencionou que relatórios da empresa levaram a investigações importantes no Brasil, mas destacou que a análise qualitativa também é essencial.

Em resposta ao senador Romário, Marchetti afirmou que as casas de apostas querem combater fraudes, pois também perdem dinheiro, mas enfrentam dificuldades para comunicar irregularidades às autoridades brasileiras. Ele recomendou que o Brasil adote a Convenção de Macolin para melhorar a cooperação internacional contra a manipulação de resultados.

“Esse fluxo de informação entre todos os atores é fundamental para o combate ao sistema [de fraudes], para que não só as casas de apostas, mas também atletas, dirigentes e todos os interessados na proteção do esporte saibam a quem recorrer, como recorrer e de que forma essa informação vai ser trabalhada depois da denúncia”, explicou.

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