Como grandes empresas de apostas atuam no Congresso para reduzir pressão durante debate da regulamentação
Movimento conta com operadoras como SuperBet, Betnacional, Mr. Jack e Pagbet.
Brasília.- Para reduzir a pressão sobre os seus negócios, um grupo de empresas de apostas online com atuação no Brasil, lançou na última terça-feira (8), em Brasília, o Movimento Jogo Responsável, no contexto do debate sobre a regulamentação do setor de apostas.
Conforme publicação de Lauro Jardim no Globo Online, a iniciativa reúne grandes empresas como SuperBet, Betnacional, Mr. Jack e Pagbet, além de outras que integram o ecossistema de apostas, como o Z.ro Bank, especializado em pagamentos, e a Brax, focada em marketing esportivo.
O representante do grupo é o ex-assessor do Ministério da Fazenda, José Francisco Manssur, que esteve envolvido na criação das regras para a regulamentação do setor no Brasil.
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Manssur se reuniu com deputados da Frente Parlamentar do Empreendedorismo, que discutirá um projeto de lei proibindo que beneficiários de programas sociais do governo façam apostas.
Em entrevista à revista Exame no começo de setembro, Manssur, inclusive, sugeriu que a regulação poderia permitir o cruzamento de dados para avaliar e limitar o acesso de quem recebe Bolsa Família ou Benefício de Prestação Continuada (BPC) às apostas.
“Essa é uma discussão importante. Teremos muita informação sobre os apostadores, e talvez seja necessário discutir se beneficiários de programas sociais, como o Bolsa Família ou o BPC, deveriam ter acesso ao mercado de apostas”, diz. “Não é difícil cruzar os dados dessas pessoas, e pode ser o caso de criar uma limitação para proteger essas pessoas, dado o perfil socioeconômico delas. Essa é uma questão que pode ser aprimorada no futuro.”
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Segundo uma pesquisa do Datafolha, divulgada em janeiro, 17% dos beneficiários do Bolsa Família já apostaram online, com 30% gastando mais de R$ 100 por mês. Além disso, 60% dos apostadores do programa gastam mais de R$ 50 mensais em apostas. Em dezembro, o Bolsa Família distribuiu uma média de R$ 680,61 para mais de 21 milhões de famílias.
“Nós teremos muita informação sobre os apostadores, e talvez seja necessário discutir se beneficiários de programas sociais, como o Bolsa Família ou o BPC, deveriam ter acesso ao mercado de apostas. Não é difícil cruzar os dados dessas pessoas, e pode ser o caso de criar uma limitação para proteger essas pessoas, dado o perfil socioeconômico delas. Essa é uma questão que pode ser aprimorada no futuro”, destacou Manssur.