CBF avalia alterações nas regras dos campeonatos para obter repasse de receitas de apostas pelos clubes
Proposta surge após tentativa frustrada da instituição de receber parte dos recursos arrecadados com as casas de apostas.
Rio de Janeiro.- A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) estuda mudanças nas regras dos campeonatos para que os clubes repassem parte das receitas das casas de apostas à entidade. Conforme reportagem da Folha, essa possível iniciativa surgiu após uma tentativa frustrada da instituição de garantir parte dessa arrecadação das operadoras.
Segundo apuração do jornal, a CBF inicialmente propôs receber 5% da receita bruta das apostas esportivas no futebol brasileiro, sugerindo compartilhar essa quantia com o governo, segundo fontes envolvidas nas negociações. Com a negativa do governo, a confederação passou a avaliar mudanças nas regras dos campeonatos, com a justificativa de direcionar parte das receitas dos clubes com apostas para financiar programas voltados ao combate à manipulação de resultados.
Durante as negociações com o governo, a CBF estimou que o programa custaria aproximadamente US$ 15 milhões anuais (cerca de R$ 82 milhões). No entanto, os clubes se opõem à proposta, alegando que a responsabilidade por essas ações cabe à própria CBF.
A equipe econômica do governo rejeitou a proposta da CBF, após tentativas da entidade de negociar com o Palácio do Planalto e o Ministério do Esporte. A CBF argumentou que, como o futebol gera quase toda a receita das apostas esportivas no país, deveria centralizar os recursos antes de repassá-los aos clubes, como faz o Comitê Olímpico.
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Contudo, os clubes se opuseram, afirmando que as negociações com as casas de apostas são assuntos privados. Eles também disseram ao Ministério da Fazenda que a CBF já recebe uma porcentagem das apostas em seus jogos e das apostas no Brasil que envolvem clubes estrangeiros.
De acordo com a apuração, a CBF tentou adicionar uma cláusula na legislação para classificar esses recursos como privados e evitar a fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU), mas a proposta foi rejeitada.