Corinthians e VaideBet: Clube cancelou investigação interna antes do resultado
O cancelamento foi feito menos de um mês após a contratação da empresa de consultoria e auditoria.
São Paulo.- O Corinthians suspendeu a investigação sobre possíveis irregularidades no contrato com a VaideBet, menos de um mês após contratar a EY, empresa de consultoria e auditoria, que seria responsável por apurar os fatos. Segundo matéria publicada no ge, a investigação foi suspensa antes que o trabalho pudesse ser concluído.
Segundo o ge, o cancelamento da investigação foi formalizado para a empresa em 18 de junho de 2024, em e-mail enviado por Luiz Ricardo Alves, o Seedorf, então diretor-adjunto financeiro do clube. O portal do Grupo Globo obteve a cópia do documento.
A apuração do ge mostra que Luiz Ricardo afirmou na mensagem que, após reunião com o presidente Augusto Melo e com a diretoria, foi decidida a suspensão de “todo e qualquer trabalho em andamento” .
A EY era prestadora de serviço do Corinthians desde o início do mandato de Augusto, porém com o escopo de consultoria, para auxiliar na reestruturação financeira e administrativa.
A diretoria alvinegra contratou outra área da companhia em maio, o departamento forense, para que este conduzisse apuração a respeito do contrato com a VaideBet.
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Profissionais da área forense da EY investigaram o caso até o momento da suspensão — eles buscaram documentos, e-mails, entre outras evidências. Em meados de junho, antes do fim do trabalho, a diretoria do Corinthians informou que a apuração havia sido cancelada.
Estão copiados no e-mail que suspende o serviço, além de Seedorf e do presidente Augusto, representantes da companhia e os seguintes membros do Corinthians:
- Marcelo Mariano, diretor administrativo;
- Vinicius Cascone, então secretário-geral;
- Leonardo Pantaleão, então diretor de negócios jurídicos.
Procurado pelo ge para esclarecer por que a investigação foi interrompida antes de sua conclusão, o Corinthians afirmou que colabora com as autoridades no inquérito em andamento.
Entenda o caso
No dia 7 de junho, a casa de apostas VaideBet comunicou ao Corinthians, nesta sexta-feira (7), que rompeu unilateralmente o contrato de patrocínio máster. O acordo, assinado no início do ano e válido até 2026, previa um pagamento total de R$ 370 milhões, dos quais o clube recebeu cerca de R$ 66 milhões desde janeiro.
Segundo o ge, a empresa acionou a cláusula anticorrupção para romper o contrato. A decisão foi tomada após a Polícia Civil iniciar uma investigação sobre o possível repasse de parte da comissão do acordo a uma empresa supostamente “laranja”. Na última terça-feira (4), o clube havia sido notificado pela pela polícia para apresentar o contrato com a VaideBet e informações sobre a possível intermediação da empresa Rede Social Media e Design, e qualquer documento que formalize a participação da empresa na negociação.
No dia 27, a casa de apostas havia notificado o Corinthians de que estava sendo prejudicada pelo recente noticiário e poderia rescindir o contrato. A empresa argumentou que a vinculação do seu nome ao escândalo envolvendo a diretoria do clube tornava a relação contratual excessivamente onerosa, causando desprestígio e risco de baixo retorno do investimento realizado.
O escândalo referido pela VaideBet envolve a denúncia feita pelo “Blog do Juca Kfouri” de que a empresa Rede Social Media Design, intermediária do contrato de patrocínio, supostamente repassou parte do valor recebido em comissão a uma empresa “laranja” chamada Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda. Esta empresa estaria registrada em nome de Edna Oliveira dos Santos, moradora da cidade de Peruíbe, litoral Sul de São Paulo, que afirma desconhecer a empresa.
Em comunicado oficial, que confirmou um a rescisão do contrato de patrocínio de forma unilateral por parte da VaideBet, a diretoria do Corinthians criticou a ex-parceira e afirmou que a casa de apostas era “desconhecida” no país antes de firmar o acordo com o clube paulista.