Estudo revela que população negra lidera apostas esportivas online no Brasil
Pesquisa entrevistou 1.581 pessoas com mais de 16 anos, de diferentes regiões e classes sociais do país.
Um estudo aponta que pessoas pretas e pardas têm a maior taxa de participação nas atividades de apostas esportivas online no Brasil. A pesquisa mostra que 40% desse grupo fez apostas por meio de sites ou aplicativos, em comparação com 33% das pessoas brancas. Os dados são da pesquisa “Futuro das Apostas Esportivas Online: onde estamos e para onde vamos”, divulgada na quarta-feira (30).
A pesquisa realizada em parceria entre Futuros Possíveis, Opinion Box e Afro Esporte entrevistou 1.581 brasileiros com mais de 16 anos, de diferentes regiões e classes sociais, que praticam esportes. A principal razão para a prática de apostas esportivas é o ganho financeiro, apontado por 71% dos participantes. As classes C, D e E mostraram mais interesse nesse motivo em comparação com as classes A e B, com taxas de 60% e 11%, respectivamente.
De acordo com a CEO da Afro Esporte, Mia Lopes, esta pesquisa revela a cor dos apostadores, refletindo os impactos na vida de pessoas negras e classes mais baixas.
“Historicamente, escravizados e libertos driblavam desigualdades pelo comércio nos “cantos”. Essa herança continua: nas periferias, pessoas em esquinas apostam, do dominó a jogos, com a esperança de ganhar um trocado somada ao risco de perder tudo. Unindo esporte e mobile, as bets multiplicaram as possibilidades de “ganhos”, mesmo se o time perder”, afirma Lopes.
Embora indivíduos de origem negra se destaquem na prática de apostas esportivas, o estudo também aponta um dado interessante de se observar, que destaca que a maioria dos desistentes desse tipo de atividade são mulheres (38%) e pessoas de ascendência preta e parda (35%).
“Nossa nova investigação chama a atenção para aspectos importantes das apostas esportivas online no Brasil, especialmente no que diz respeito a como mulheres e pessoas negras têm lidado com esta prática. É importante avançarmos no debate sobre os impactos sociais deste fenômeno, e sobretudo incluir estas pessoas nesta conversa”, aponta Andreza Maia, cofundadora e CPO da Futuros Possíveis.