CPI da Manipulação de Resultados: empresário diz ter ajudado a rebaixar 42 times

Depoimento de William Rogatto foi feito por chamada de vídeo. (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)
Depoimento de William Rogatto foi feito por chamada de vídeo. (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

William Pereira Rogatto está sendo investigado pelo MP por suspeita de fraude em partidas de futebol.

Brasília.- A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas do Senado retomou as atividades nesta terça-feira (8). A reunião contou com o depoimento do empresário de atletas William Pereira Rogatto, que está sendo investigado pelo Ministério Público do Distrito Federal e pela Polícia Federal por suspeita de fraude em jogos do Campeonato Brasiliense de Futebol.

Em depoimento feito por meio remoto, o empresário confessou ter participado de um esquema de manipulação de jogos através de fraude em apostas esportivas na competição do Distrito Federal. Segundo Rogatto, ele teria contribuído para o rebaixamento de 42 equipes do futebol brasileiro.

O empresário afirmou que o esquema teria rendido a ele mais de R$ 300 milhões (USD 54 milhões). Segundo o que publicou a Agência Senado, ele disse ter atuado nas federações de todos os estados brasileiros e ainda em outros oito países, como a Colômbia. “O esquema de manipulação dos jogos só perde para política e o tráfico de drogas, em termo de valores”, disse Rogatto.

“O sistema é muito além disso, os grandes não vão cair nunca. Estamos falando de dentro da CBF, de dentro das federações, tenho provas e vídeos. Isso não vai dar em nada, vai fazer vítimas do sistema e, no final, não vai acabar porque não é de agora. Isso existe há mais de 40 anos, eu fiz parte do sistema”, disse William.

O empresário, que mora em Portugal, disse que não podia falar tudo o que sabia por medo de sofrer represálias. O senador Romário (PL-RJ) sugeriu uma delação premiada, mas William considera que isso não garantiria a devida proteção, já que o esquema de manipulação inclui “árbitros, presidentes de clubes e federações”.

“Não roubei ninguém, não matei ninguém. Eu trabalhei em cima do sistema, o sistema é falho, a política não funciona, o sistema não funciona. Achei uma brecha no sistema, que me fortaleceu. Eu tinha os meus atletas. Às vezes dois jogadores desestruturam totalmente um jogo. Tem presidente que sabe e compactua com isso, tem presidente que eu engano, tem presidente que está ali para ganhar o dele, tem presidente que não compactua”, disse o convidado da CPI.

Questionado pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE) se há políticos no esquema de manipulação, Rogatto respondeu que “tem político, vereador, prefeito. O sistema é único e para entrar é preciso de pessoas. Todo mundo gosta de dinheiro. Eu sempre procurei entrar pelas secretarias de esporte”.

Veja também: CPI das Apostas Esportivas: senadores retomam sessões com depoimentos nesta terça-feira (8)

Neste artigo:
Apostas esportivas Indústria de jogos Jogos de azar Jurídico Regulamentação do jogo