Mercado de apostas: bancos desestimulam jogadores e geram insatisfação no setor

Entidade do setor denuncia que alertas bancários prejudicam sites regulamentados.
Entidades que representam as principais operadoras de apostas online no Brasil manifestaram descontentamento com a postura de alguns bancos, que estariam adotando medidas para desencorajar seus clientes a jogarem. Segundo reportagem da revista VEJA, o motivo das reclamações são notificações e alertas emitidos por determinadas instituições financeiras no momento em que os usuários acessam os sites de apostas.
O relato é de que as notificações são direcionadas a usuários de plataformas de apostas regulamentadas no Brasil e, em alguns casos, resultam no bloqueio de senhas, impedindo transferências para os sites. Representantes do setor apontam que essa prática tem levado apostadores a migrar para plataformas ilegais, onde não enfrentam tais restrições.
“Quando o banco faz esse alerta, muitas vezes ele também bloqueia a senha ou o cartão ou a operação do jogador que quer apostar. Não deixa ele fazer a aposta. O que ele vai fazer então? Vai procurar uma alternativa e vai jogar nas casas ilegais, onde o compromisso com a segurança é zero”, afirma Plínio Lemos Jorge, presidente da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL).
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Jorge explicou que os bancos não conseguem detectar sites de apostas ilegais em seus sistemas, o que impede o envio de alertas aos usuários dessas plataformas. O presidente da ANJL afirmou ainda que já levou a questão ao Banco Central e à Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, responsável pela regulamentação do setor.
“Disseram que vão observar esse movimento com mais atenção e nos orientaram a procurar as entidades de classe para mostrar que esses alertas estão nos prejudicando. Pode ser um desconhecimento dos bancos”, acrescentou o representante das empresas. Hoje, 72 casas de apostas são autorizadas a operar no Brasil.
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Favorecimento de concorrência desigual
Ainda de acordo coma Veja, entidades do setor de apostas entregaram ao Ministério da Fazenda uma lista de empresas que continuam operando no Brasil sem cumprir as regulamentações. De acordo com o levantamento, essas plataformas, sediadas no exterior e sem outorga, arrecadam cerca de R$1 bilhão (US$170 milhões) por mês sem pagar impostos.
“Esse controle era uma das premissas do mercado regulado, mas isso não está acontecendo. Se existe uma regra, ela precisa ser cumprida. Se não for e não acontecer nada, começa a existir uma desvantagem competitiva. É concorrência desleal“, disse André Gelfin, presidente do Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR).